Tudo em mim é bruto ou embrutece.
Os gestos,
as palavras,
os pensamentos,
as atitudes,
os sentimentos.
Queria desculpar-me.
Desculpar-me contigo.
Mas sobretudo comigo.
"É então que surges: o teu corpo, que se confunde com o das palavras que te descrevem, hesita numa das entradas do verso. Puxo-te para o átrio da estrofe; digo o teu nome com a voz baixa do medo; e apenas ouço o vento que empurra portas e janelas, sílabas e frases, por entre as imagens inúteis que me separaram de ti."
sexta-feira, outubro 15, 2010
segunda-feira, setembro 27, 2010
Noiserv
Estive no chapitô. E, apesar do despropositado tempo de espera entre restôs e bartôs, foi um concerto especial.
sábado, setembro 18, 2010
Da naturalidade
Acorda-se a meio de um sonho ou mesmo no fim de um pesadelo. Levantamo-nos, mais tarde ou mais cedo, por mais que pese o peito e se imaginem desculpas, porque há horários para cumprir, e a menos que aconteça uma catástrofe que nos envolva directamente, lá teremos de estar à hora certíssima a picar o ponto.
Comemos porque o corpo exige, lavamo-nos porque a sociedade exige, vivemos porque a vida exige. E vão-se riscando os dias de um calendário cheio deles, com menos cruzes do que aquelas que gostariamos.
Há quem diga que quem acorda assim está necessariamente deprimido. Como se a depressão fosse uma qualquer alteração de estado normal. Como se não fosse natural.
Se calhar acordo assim porque me faltam os pássaros, a relva, o mar, o amor.
Como diria Darwin, fazemos parte do mundo natural que nos rodeia, se esse mundo estiver constantemente a ser alterado, reduzido a pó, então passamos a não fazer parte de nada.
E não pertencer pode muito bem ser o melhor motor para a boa da depressão.
Comemos porque o corpo exige, lavamo-nos porque a sociedade exige, vivemos porque a vida exige. E vão-se riscando os dias de um calendário cheio deles, com menos cruzes do que aquelas que gostariamos.
Há quem diga que quem acorda assim está necessariamente deprimido. Como se a depressão fosse uma qualquer alteração de estado normal. Como se não fosse natural.
Se calhar acordo assim porque me faltam os pássaros, a relva, o mar, o amor.
Como diria Darwin, fazemos parte do mundo natural que nos rodeia, se esse mundo estiver constantemente a ser alterado, reduzido a pó, então passamos a não fazer parte de nada.
E não pertencer pode muito bem ser o melhor motor para a boa da depressão.
terça-feira, agosto 31, 2010
quarta-feira, agosto 25, 2010
No bad news
Well, she's told, � Hold your buttons and look at the sky
Someone will fix things if you let your face dry
Keep your face near the earth and your heart beat high
And you may transcend the bad news �
Mm, hey little bird � hey little bird
Thank you for not letting go of me when I let go of you
Hey little bird � hey little bird
Thank you for not letting go of me when I let go of you
(Hey little bird � hey little bird)
Thank you for not (letting go of me when I let go of you)
Someone will fix things if you let your face dry
Keep your face near the earth and your heart beat high
And you may transcend the bad news �
Mm, hey little bird � hey little bird
Thank you for not letting go of me when I let go of you
Hey little bird � hey little bird
Thank you for not letting go of me when I let go of you
(Hey little bird � hey little bird)
Thank you for not (letting go of me when I let go of you)
quarta-feira, agosto 11, 2010
A caminho
sexta-feira, agosto 06, 2010
quinta-feira, agosto 05, 2010
terça-feira, julho 20, 2010
segunda-feira, julho 19, 2010
Qualquer coisa de proibido
Não é Godard, mas é Godin
quarta-feira, julho 14, 2010
Cartas inéditas do espólio Jeremias
terça-feira, julho 13, 2010
quinta-feira, julho 08, 2010
Não são cor-de-rosa
sexta-feira, julho 02, 2010
quarta-feira, junho 30, 2010
Carlos Moreira
O Carlos sempre gostou de fotografar, se calhar mais do que das próprias fotografias. Ou então, é ao contrário, não sei, ele há-de saber, ou não.
Bom, o que realmente interessa é que para nós (e para o Tejo também, mas isso são outras "Periferias") és o fotógrafo revelação de todos os meses do ano!
Parabéns e a boa da sorte!
Foto: Eu junto a uma foto de outro participante na exposição "Periferias". Campo Grande nº 185, até 4 de Julho.
segunda-feira, junho 28, 2010
Passaram-se meses de areia fina a raspar-me na cara, nas pernas nuas, no peito seco; meses de areia não tão fina a riscar-me as meninas dos olhos, a meter-se ouvidos adentro, a acumular-se sobre as feridas.
Passaram-se meses de sol abrasador a queimar-me a pele tenra, os cabelos desidratados, as unhas quebradas.
Passaram-se muitos meses sob o sol, sobre e sob a areia, caminhando a arrastar, cuspindo as últimas gotas de água do meu corpo.
Passou-se tudo isso e muito mais de alguma coisa. E passados tão estranhos meses deparo-me com uma fonte cheia, que derrama, que chama, que anima.
Vou parar, deixar que a fonte me anime e brincar um pouco.
Não tardará que a fonte se transforme em poço. E, então,tudo será como deve ser.
domingo, junho 27, 2010
Um pai
Imagino um pai, como sempre imaginei, continuadamente, sem desvios, ou gradações de intensidade.
Imagino um pai que me mostra as ruas, as histórias por detrás das ruas, que me presenteia com auxiliares de ensino para praticar nas férias. Um pai que me quer pôr a ler, e que comigo se quer pôr a ler. Um pai alto, de mãos fortes, de sorriso aberto, que tem mais amigos do que eu algum dia serei capaz de alimentar. Um pai que me inscreve na natação, nos ateliers de pintura, no piano e no que mais houver.
Um pai que põe à prova todos os meus limites e capacidades e que sobretudo os estimula, convencendo-me de que serei capaz de uma data de coisas, sobretudo por o ter ao meu lado.
Um pai como nunca tive.
Imagino um pai que me mostra as ruas, as histórias por detrás das ruas, que me presenteia com auxiliares de ensino para praticar nas férias. Um pai que me quer pôr a ler, e que comigo se quer pôr a ler. Um pai alto, de mãos fortes, de sorriso aberto, que tem mais amigos do que eu algum dia serei capaz de alimentar. Um pai que me inscreve na natação, nos ateliers de pintura, no piano e no que mais houver.
Um pai que põe à prova todos os meus limites e capacidades e que sobretudo os estimula, convencendo-me de que serei capaz de uma data de coisas, sobretudo por o ter ao meu lado.
Um pai como nunca tive.
terça-feira, junho 22, 2010
Miradouros
segunda-feira, junho 21, 2010
sexta-feira, junho 18, 2010
quarta-feira, junho 09, 2010
quarta-feira, junho 02, 2010
Da inquietação
Talvez porque a maioria das vidas é demasiado extensa, há que dividi-la em fases. E é assim que vivemos, por fases.
E eu estou à pontinha de uma fase prestes a começar uma outra. Não foi uma ideia que se colou a mim de repente, pelo contrário. É um sentimento que se tem deitado comigo e acordado comigo de há tempos para cá.
O mesmo sentimento que me tem assaltado os pensamentos em horas de meditação, que tem mergulhado comigo, comido comigo, tomado banho comigo, sempre comigo.
O mesmo sentimento que me procura, me atazana, me domina, me traz vontade, energia e horizontes.
Instalou-se. O sentimento.
Vamos lá, então.
E eu estou à pontinha de uma fase prestes a começar uma outra. Não foi uma ideia que se colou a mim de repente, pelo contrário. É um sentimento que se tem deitado comigo e acordado comigo de há tempos para cá.
O mesmo sentimento que me tem assaltado os pensamentos em horas de meditação, que tem mergulhado comigo, comido comigo, tomado banho comigo, sempre comigo.
O mesmo sentimento que me procura, me atazana, me domina, me traz vontade, energia e horizontes.
Instalou-se. O sentimento.
Vamos lá, então.
terça-feira, junho 01, 2010
Da náusea
Já dizia o outro que a existência precede a essência. Queria concordar com a ideia, até porque me dava jeito. Poder mudar tudo o que faz de mim o que sou para uma coisa melhor.
Mas mantenho reservas, e muitas. Estou mais inclinada para o bom do determinismo, aquele que nos põe a alma nuns carris e nos diz que até podemos escolher virar à esquerda ou à direita, que até podemos optar andar para a frente ou para trás, mas nunca, nunca descarrilar.
Nunca, mas nunca sair do traçado dos carris, porque não fomos talhados para nenhum outro tipo de caminho.
Não posso provar que a essência nos traça a existência (ainda bem), e quero acreditar que as circunstâncias, o número de saídas, o número de estações, o estado da via-férrea e etc, ajuda, ou não, a chegar ao que sou hoje.
Mas mantenho reservas, e muitas. Estou mais inclinada para o bom do determinismo, aquele que nos põe a alma nuns carris e nos diz que até podemos escolher virar à esquerda ou à direita, que até podemos optar andar para a frente ou para trás, mas nunca, nunca descarrilar.
Nunca, mas nunca sair do traçado dos carris, porque não fomos talhados para nenhum outro tipo de caminho.
Não posso provar que a essência nos traça a existência (ainda bem), e quero acreditar que as circunstâncias, o número de saídas, o número de estações, o estado da via-férrea e etc, ajuda, ou não, a chegar ao que sou hoje.
Como criança
Acordei, hoje, embrulhada em soluços e lágrimas. Por casa não estava nenhum colo que me acalmasse e fortalecesse. É dia de semana, e de folga só eu.
Levantei-me rapidamente ao mesmo tempo que sacudi os sonhos para longe. Fiz o que tinha de ser feito.
É que "o Presente é tão grande. Não nos afastemos. Não nos afastemos muito. Vamos de mãos dadas."
Levantei-me rapidamente ao mesmo tempo que sacudi os sonhos para longe. Fiz o que tinha de ser feito.
É que "o Presente é tão grande. Não nos afastemos. Não nos afastemos muito. Vamos de mãos dadas."
quinta-feira, maio 27, 2010
Para quem tem Residência na Terra
WALKING AROUND
Sucede que me canso de ser hombre.
Sucede que entro en las sastrerías y en los cines
marchito, impenetrable, como un cisne de fieltro
Navegando en un agua de origen y ceniza.
El olor de las peluquerías me hace llorar a gritos.
Sólo quiero un descanso de piedras o de lana,
sólo quiero no ver establecimientos ni jardines,
ni mercaderías, ni anteojos, ni ascensores.
Sucede que me canso de mis pies y mis uñas
y mi pelo y mi sombra.
Sucede que me canso de ser hombre.
Sin embargo sería delicioso
asustar a un notario con un lirio cortado
o dar muerte a una monja con un golpe de oreja.
Sería bello
ir por las calles con un cuchillo verde
y dando gritos hasta morir de frío
No quiero seguir siendo raíz en las tinieblas,
vacilante, extendido, tiritando de sueño,
hacia abajo, en las tapias mojadas de la tierra,
absorbiendo y pensando, comiendo cada día.
No quiero para mí tantas desgracias.
No quiero continuar de raíz y de tumba,
de subterráneo solo, de bodega con muertos
ateridos, muriéndome de pena.
Por eso el día lunes arde como el petróleo
cuando me ve llegar con mi cara de cárcel,
y aúlla en su transcurso como una rueda herida,
y da pasos de sangre caliente hacia la noche.
Y me empuja a ciertos rincones, a ciertas casas húmedas,
a hospitales donde los huesos salen por la ventana,
a ciertas zapaterías con olor a vinagre,
a calles espantosas como grietas.
Hay pájaros de color de azufre y horribles intestinos
colgando de las puertas de las casas que odio,
hay dentaduras olvidadas en una cafetera,
hay espejos
que debieran haber llorado de vergüenza y espanto,
hay paraguas en todas partes, y venenos, y ombligos.
Yo paseo con calma, con ojos, con zapatos,
con furia, con olvido,
paso, cruzo oficinas y tiendas de ortopedia,
y patios donde hay ropas colgadas de un alambre:
calzoncillos, toallas y camisas que lloran
lentas lágrimas sucias.
Sucede que me canso de ser hombre.
Sucede que entro en las sastrerías y en los cines
marchito, impenetrable, como un cisne de fieltro
Navegando en un agua de origen y ceniza.
El olor de las peluquerías me hace llorar a gritos.
Sólo quiero un descanso de piedras o de lana,
sólo quiero no ver establecimientos ni jardines,
ni mercaderías, ni anteojos, ni ascensores.
Sucede que me canso de mis pies y mis uñas
y mi pelo y mi sombra.
Sucede que me canso de ser hombre.
Sin embargo sería delicioso
asustar a un notario con un lirio cortado
o dar muerte a una monja con un golpe de oreja.
Sería bello
ir por las calles con un cuchillo verde
y dando gritos hasta morir de frío
No quiero seguir siendo raíz en las tinieblas,
vacilante, extendido, tiritando de sueño,
hacia abajo, en las tapias mojadas de la tierra,
absorbiendo y pensando, comiendo cada día.
No quiero para mí tantas desgracias.
No quiero continuar de raíz y de tumba,
de subterráneo solo, de bodega con muertos
ateridos, muriéndome de pena.
Por eso el día lunes arde como el petróleo
cuando me ve llegar con mi cara de cárcel,
y aúlla en su transcurso como una rueda herida,
y da pasos de sangre caliente hacia la noche.
Y me empuja a ciertos rincones, a ciertas casas húmedas,
a hospitales donde los huesos salen por la ventana,
a ciertas zapaterías con olor a vinagre,
a calles espantosas como grietas.
Hay pájaros de color de azufre y horribles intestinos
colgando de las puertas de las casas que odio,
hay dentaduras olvidadas en una cafetera,
hay espejos
que debieran haber llorado de vergüenza y espanto,
hay paraguas en todas partes, y venenos, y ombligos.
Yo paseo con calma, con ojos, con zapatos,
con furia, con olvido,
paso, cruzo oficinas y tiendas de ortopedia,
y patios donde hay ropas colgadas de un alambre:
calzoncillos, toallas y camisas que lloran
lentas lágrimas sucias.
Pablo Neruda
quarta-feira, maio 26, 2010
segunda-feira, maio 24, 2010
sexta-feira, maio 21, 2010
quarta-feira, maio 19, 2010
Inventário Maio 2010: Stock: 1
Título:
ISBN: 9789727088454
1ª edição: 24 de Julho de 1981
2ª edição: 29 de Janeiro de 2002
3ª edição: 5 de Novembro de 2009
Jeremias
ISBN: 9789727088454
1ª edição: 24 de Julho de 1981
2ª edição: 29 de Janeiro de 2002
3ª edição: 5 de Novembro de 2009
terça-feira, maio 18, 2010
segunda-feira, maio 17, 2010
Sunday smile
Já não sei lembrar-me de ti.
Esqueci o tom da tua voz, a cor dos teus olhos abertos.
Esqueci quão rasgado era o sorriso, quão denso o abraço.
Esqueci as coisas boas e as más, esqueci-me.
Suspiro. Porque é um alívio sem preço.
Um alívio sem preço ter-me esquecido de ti.
Esqueci o tom da tua voz, a cor dos teus olhos abertos.
Esqueci quão rasgado era o sorriso, quão denso o abraço.
Esqueci as coisas boas e as más, esqueci-me.
Suspiro. Porque é um alívio sem preço.
Um alívio sem preço ter-me esquecido de ti.
sábado, maio 15, 2010
quinta-feira, maio 13, 2010
terça-feira, maio 11, 2010
segunda-feira, maio 10, 2010
domingo, maio 09, 2010
sexta-feira, maio 07, 2010
If there is a choice
If it be your will
That I speak no more
And my voice be still
As it was before
I will speak no more
Da necessidade
Quase folga vem até mim e dá-me sopas e dá-me descanso e dá-me sol e vírgulas também.
segunda-feira, maio 03, 2010
sexta-feira, abril 30, 2010
Feiremos
Os livros vão à feira. E eu só não fui ainda por estar à espera da boa da folga.
Levo tempo, dinheiro e boa companhia.
Um bem haja a quem comigo espera.
Levo tempo, dinheiro e boa companhia.
Um bem haja a quem comigo espera.
quarta-feira, abril 28, 2010
Queria deixar aqui bem claro que amo sem condições estes dias cheios de luz.
O sol a entrar pelos orifícios das persianas puxadas até baixo.
O chilrear dos pequenos pássaros vizinhos do bairro. O cheiro a relva cortada, o café tomado à sombra de uma árvore.
A areia, o cheiro do creme, o som das bóias a esvaziar.
As noites quentes, cheias de vinho, ou mesmo imperial, e amigos, risadas e brindes.
Amo-te muito.
O sol a entrar pelos orifícios das persianas puxadas até baixo.
O chilrear dos pequenos pássaros vizinhos do bairro. O cheiro a relva cortada, o café tomado à sombra de uma árvore.
A areia, o cheiro do creme, o som das bóias a esvaziar.
As noites quentes, cheias de vinho, ou mesmo imperial, e amigos, risadas e brindes.
Amo-te muito.
terça-feira, abril 27, 2010
Meio ano e brinda-se com o vinho da casa
Enquanto levanto o copo penso num sem número de coisas.
Sei que passou muito tempo e que tudo acabou bem para todos, mas continuo sem perceber o porquê de há meio ano atrás me terem encostado ao muro de olhos vendados e terem disparado.
Devem ser as chamadas memórias de guerra.
Sei que passou muito tempo e que tudo acabou bem para todos, mas continuo sem perceber o porquê de há meio ano atrás me terem encostado ao muro de olhos vendados e terem disparado.
Devem ser as chamadas memórias de guerra.
segunda-feira, abril 26, 2010
E tu, já leste alguma coisa hoje?
quarta-feira, abril 21, 2010
Composição
Foram os últimos a saber que estavam condenados.
Condenados a não partilharem mais do que uma frase.
Nada os faria ultrapassar o Ponto Final e nada os salvaria ante o próprio. Resignaram-se, compuseram-se, centraram-se e, aliviados, agarraram-se às libertadoras linhas tortas.
E assim se deixaram ir, de letra maiúscula em letra maiúscula à espera, talvez não de melhores, mas tão-só, de outros parágrafos (de preferência repletos de frases).
Condenados a não partilharem mais do que uma frase.
Nada os faria ultrapassar o Ponto Final e nada os salvaria ante o próprio. Resignaram-se, compuseram-se, centraram-se e, aliviados, agarraram-se às libertadoras linhas tortas.
E assim se deixaram ir, de letra maiúscula em letra maiúscula à espera, talvez não de melhores, mas tão-só, de outros parágrafos (de preferência repletos de frases).
terça-feira, abril 20, 2010
domingo, abril 18, 2010
"nasce um novo dia e no braço outra asa"
Não foi de repente que as coisas novas, boas, empolgantes e até mesmo merecidas surgiram.
Primeiro surgiu a vontade de as ter.
E agora é deixá-las chegar.
Primeiro surgiu a vontade de as ter.
E agora é deixá-las chegar.
quinta-feira, abril 15, 2010
quarta-feira, abril 14, 2010
terça-feira, abril 13, 2010
sábado, abril 10, 2010
quinta-feira, abril 08, 2010
quarta-feira, abril 07, 2010
Incontornável
Não foi uma guerra feita de batalhas, ganhas nem perdidas. Foi uma batalha, uma guerra.
Morreram todos, numa mão cheia que encena um adeus.
Desapareceram todos e tudo. As mais velhas, os mais novos, o que ladrava, os cavalos, a rua, os cheiros.
Uma mão cheia suspensa no ar que dispara um adeus.
Uma mão cheia suspensa no ar.
Sem retorno.
Morreram todos, numa mão cheia que encena um adeus.
Desapareceram todos e tudo. As mais velhas, os mais novos, o que ladrava, os cavalos, a rua, os cheiros.
Uma mão cheia suspensa no ar que dispara um adeus.
Uma mão cheia suspensa no ar.
Sem retorno.
sexta-feira, abril 02, 2010
Abril, outra vez
O mundo não acaba quando alguém parte, mas há muita coisa nossa que parte também.
Já vi partir duas pessoas em 28 anos, duas pessoas próximas, íntimas, minhas. Achei que dificilmente poderia continuar, que não continuaria. Mas continuei. Uns dias mais inconsciente que outros. E dias mais viva que nunca.
A nossa vida não acaba quando enterramos alguém, mas há muito pó a assentar nas roupas, muitos ciscos sobre a pele, muita terra sob as unhas.
Já vi partir duas pessoas em 28 anos, duas pessoas próximas, íntimas, minhas. Achei que dificilmente poderia continuar, que não continuaria. Mas continuei. Uns dias mais inconsciente que outros. E dias mais viva que nunca.
A nossa vida não acaba quando enterramos alguém, mas há muito pó a assentar nas roupas, muitos ciscos sobre a pele, muita terra sob as unhas.
quinta-feira, abril 01, 2010
quarta-feira, março 31, 2010
Kseniya Simonova no youtube
Para quem está com vontade de bater palmas e muito, muito mais.
Os devidos agradecimentos a quem de direito.
Os devidos agradecimentos a quem de direito.
segunda-feira, março 29, 2010
domingo, março 28, 2010
Eram já três da manhã, hora de Verão, quando ouviu estremecer a folhagem, podes vir a qualquer hora, dissera, mas ele não veio.
Não veio nessa noite, nem nas noites que se seguiram.
Chegaria pelas seis da tarde, hora de Inverno, quarenta e dois anos depois, quando já era tarde demais.
Mesmo para o chá.
domingo, março 21, 2010
Em cruz ilhada
Queria encontrar a combinação de palavras que tivessem o poder de te trazer de novo para perto de mim.
Tem sido uma cruzada, no café, à hora do lanche, à mesa com a sopa, na viagem de todos os dias, na vida de todos os dias que vivi no já longo espaço que me separa de ti.
Tenho procurado em livros de psicologia, sociologia, auto-ajuda, desenvolvimento pessoal, nos clássicos, e até em revistas e jornais, não vá suceder que já alguém a tenha encontrado, bastando-me a mim a simples e inglória, mas eficaz, reprodução.
Continuo à procura. Ensaio algumas combinações, em rascunho, em voz alta, em HD, em maiúsculas, minúsculas, assim e assado. São pesquisas intermináveis, olheiras que crescem sob as luzes dos candeeiros acesos até altas horas, candeeiros que desejam incendiar as tantas páginas que se vêem obrigados a alumiar.
Pode ser que não chegue à glória desse dia, pode até acontecer que, chegado esse dia, eu já não queira ter esse poder. Até lá, permanecerei ilhada de ti, à procura das coisas certas, e das palavras também.
Tem sido uma cruzada, no café, à hora do lanche, à mesa com a sopa, na viagem de todos os dias, na vida de todos os dias que vivi no já longo espaço que me separa de ti.
Tenho procurado em livros de psicologia, sociologia, auto-ajuda, desenvolvimento pessoal, nos clássicos, e até em revistas e jornais, não vá suceder que já alguém a tenha encontrado, bastando-me a mim a simples e inglória, mas eficaz, reprodução.
Continuo à procura. Ensaio algumas combinações, em rascunho, em voz alta, em HD, em maiúsculas, minúsculas, assim e assado. São pesquisas intermináveis, olheiras que crescem sob as luzes dos candeeiros acesos até altas horas, candeeiros que desejam incendiar as tantas páginas que se vêem obrigados a alumiar.
Pode ser que não chegue à glória desse dia, pode até acontecer que, chegado esse dia, eu já não queira ter esse poder. Até lá, permanecerei ilhada de ti, à procura das coisas certas, e das palavras também.
quarta-feira, março 17, 2010
Sempre gostei de homens. Juro.
Mas caramba nada se compara à deusisse de uma mulher. Uma mulher bonita.
terça-feira, março 16, 2010
A década nas coisas
Prontinho, já tenho título, agora falta escrever o livro.
Na minha cabeça nenhuma coisa me surge antes do nome, em último caso aparecerá em simultâneo, mas nunca antes.
Portanto, aqui fica o nome da coisa que se segue. E que belo nome, porque tem palavras (não gosto de títulos compostos apenas por uma palavra, que pobreza; menos ainda de títulos que são quase frases), tem metáfora, tem densidade, tem jogo.
É um nome absolutamente sublime, e como sei que não vou ser capaz de escrever coisa nenhuma, vou oferecer o nome à exposição que o Carlos vai fazer. Ele ainda não sabe, mas vou desafiá-lo a fotografar a década nas coisas, e eu quero participar.
Aguardem. Um sucesso, um sucesso.
Na minha cabeça nenhuma coisa me surge antes do nome, em último caso aparecerá em simultâneo, mas nunca antes.
Portanto, aqui fica o nome da coisa que se segue. E que belo nome, porque tem palavras (não gosto de títulos compostos apenas por uma palavra, que pobreza; menos ainda de títulos que são quase frases), tem metáfora, tem densidade, tem jogo.
É um nome absolutamente sublime, e como sei que não vou ser capaz de escrever coisa nenhuma, vou oferecer o nome à exposição que o Carlos vai fazer. Ele ainda não sabe, mas vou desafiá-lo a fotografar a década nas coisas, e eu quero participar.
Aguardem. Um sucesso, um sucesso.
A polpa dos Tricicle
Rir não é nenhum remédio. Não cura maleitas, nem retarda o aparecimento das rugas.
Mas vale muito a pena, especialmente se não tivermos de pagar.
Mas vá, eles merecem. E está ali o melhor do seu trabalho, pelo que nenhum cêntimo será desperdiçado.
Os Tricicle para mais uma corrida, com muita festa à mistura.
Mas vale muito a pena, especialmente se não tivermos de pagar.
Mas vá, eles merecem. E está ali o melhor do seu trabalho, pelo que nenhum cêntimo será desperdiçado.
Os Tricicle para mais uma corrida, com muita festa à mistura.
terça-feira, março 09, 2010
Só a cor não assusta
Hoje encontrei dentro de um livro uma velha carta amarelecida,
Rasguei-a sem procurar ao menos saber de quem seria...
Eu tenho um medo
Horrível
A essas marés montantes do passado,
Com suas quilhas afundadas, com
Meus sucessivos cadáveres amarrados aos mastros e gáveas...
Ai de mim,
Ai de ti, ó velho mar profundo,
Eu venho sempre à tona de todos os naufrágios!
Poema do Sr. Quintana
sexta-feira, março 05, 2010
quarta-feira, março 03, 2010
Nina Simone
É, de momento, a banda sonora das minhas oito horas de trabalho.
A Nina e as horas passam a voar.
A Nina e as horas passam a voar.
sábado, fevereiro 27, 2010
sexta-feira, fevereiro 26, 2010
Planos para o bendito Sábado e o não menos bendito Domingo
quinta-feira, fevereiro 25, 2010
quarta-feira, fevereiro 24, 2010
terça-feira, fevereiro 23, 2010
sexta-feira, fevereiro 05, 2010
terça-feira, fevereiro 02, 2010
segunda-feira, fevereiro 01, 2010
terça-feira, janeiro 26, 2010
quinta-feira, janeiro 21, 2010
quarta-feira, janeiro 20, 2010
terça-feira, janeiro 19, 2010
sexta-feira, janeiro 15, 2010
Um mundo à parte
A avó Gugu vai com toda a certeza concordar comigo, não porque ela seja de outros tempos, mas, essencialmente, porque terá outros valores.
As famílias modernas, não despropositadamente assim chamadas, porque afinal não são apenas famílias que são contemporâneas, são famílias modernas, cheias de modernices, cheias de pais e mães e meios irmãos.
Uma família moderna é assustadora, porque a Maria come o António, mesmo sendo namorada do Manuel. O Joaquim comeu centenas, e vai já no terceiro casamento. O Guilherme casado e com um filho sai de casa por uma qualquer e depois volta, passado muito tempo, muita miséria, muito sofrimento.
E depois é Natal, juntam-se todos numa grande confusão, onde há necessariamente gente a mais, gente que não é suposto estar ali.
E eu pergunto-me se isto é ainda uma família, ou se será já outra coisa.
As famílias modernas, não despropositadamente assim chamadas, porque afinal não são apenas famílias que são contemporâneas, são famílias modernas, cheias de modernices, cheias de pais e mães e meios irmãos.
Uma família moderna é assustadora, porque a Maria come o António, mesmo sendo namorada do Manuel. O Joaquim comeu centenas, e vai já no terceiro casamento. O Guilherme casado e com um filho sai de casa por uma qualquer e depois volta, passado muito tempo, muita miséria, muito sofrimento.
E depois é Natal, juntam-se todos numa grande confusão, onde há necessariamente gente a mais, gente que não é suposto estar ali.
E eu pergunto-me se isto é ainda uma família, ou se será já outra coisa.
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