Acorda-se a meio de um sonho ou mesmo no fim de um pesadelo. Levantamo-nos, mais tarde ou mais cedo, por mais que pese o peito e se imaginem desculpas, porque há horários para cumprir, e a menos que aconteça uma catástrofe que nos envolva directamente, lá teremos de estar à hora certíssima a picar o ponto.
Comemos porque o corpo exige, lavamo-nos porque a sociedade exige, vivemos porque a vida exige. E vão-se riscando os dias de um calendário cheio deles, com menos cruzes do que aquelas que gostariamos.
Há quem diga que quem acorda assim está necessariamente deprimido. Como se a depressão fosse uma qualquer alteração de estado normal. Como se não fosse natural.
Se calhar acordo assim porque me faltam os pássaros, a relva, o mar, o amor.
Como diria Darwin, fazemos parte do mundo natural que nos rodeia, se esse mundo estiver constantemente a ser alterado, reduzido a pó, então passamos a não fazer parte de nada.
E não pertencer pode muito bem ser o melhor motor para a boa da depressão.
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