quarta-feira, abril 26, 2006

All that fall

Meus caros,

passei por cá apenas para dar título às duas últimas intervenções. Tendo em conta que uma, coincidentemente, dá continuidade à outra, um título bastará.

É que para cair basta estar vivo.

Por pura coincidência percorro um pouco mais o caminho iniciado pelo anterior post. Por pura coincidência também, surgiu, entre outros devaneios, este mesmo tema numa das conversas do dia.

Dou termo às tais coincidências quando, propositadamente, faço minhas as palavras do Little Boy para dizer que “Our problems start when we don't dye young”.

segunda-feira, abril 24, 2006

É que o melhor do mundo são os instintos

Trintaeseteanos- Agora que acabámos de almoçar, vou cortar-te uma banana aos pedacinhos.

Quatroanos- Não, eu quero comê-la à macaco.

terça-feira, abril 11, 2006

Pride


Ninguém sabe como, mas em meio segundo subiu-lhe aquele olhar ao rosto.

E caía-lhe tão bem, que ninguém sabe como, mas em meio segundo deu a volta ao mundo, deu a volta à Vida.



Não deu, mas dei, de Guerra Junqueiro

domingo, abril 02, 2006

Silêncio, que se vai cantar... ou então não..

Motivado por um artigo publicado recentemente no jornal Público, comento, em longas linhas, a opinião do senhor Kennedy. Podem ler o artigo (necessário para perceber o contexto deste post) em http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1252698

1
- Começando pelo que os empresários acham que é o futuro da discografia, a venda on-line, as coisas são um pouco enganosas. Quando alguém quer apenas uma ou duas músicas de um álbum, sim, aí até concordo que, com algum bom senso, a pessoa deveria comprar a música na net. Mas, e como acontece na maioria dos casos, se alguém quer comprar um álbum todo, a compra on-line é um péssimo negócio. Os tais 0.99 cêntimos não são mais de que um belo engodo, uma ilusão. Deixemos de tretas e contemos 1 euro... ok? Num CD com 15 músicas, façam as contas e digam-me se não é preferível gastar 17 ou 18€ e ter a caixinha mágica nas mãos, a ter 15 coisas virtuais metidas num PC que, dum momento para o outro, por erro ou azar, manda as tais 15 músicas e os tais 15 euros para os anjinhos..! Nestes casos, que me apareça um representante discográfico à frente que eu digo-lhe onde meter as músicas on-line!!!

2 - Esses mesmos representantes discográficos deveriam partir uma perna a cada vez que nos chamam "assassinos da música", seja ela portuguesa ou internacional. É facto provado (e o próprio David Fonseca (cantor/compositor) comprovou, há uns anos, esta situação) que do exagerado preço final de um CD, o verdadeiro artista, aquele que realmente tem o trabalho e o mérito da obra, é o que menos lucra com a venda. Muitas editoras independentes, normalmente as que estão dirigidas para a música alternativa, ao terem como sua principal preocupação a qualidade e não o (exagerado) lucro, vendem os seus CD's, criados e gravados no mesmo planeta onde estão as grandes editoras, por 10€. Ora, se aqui 10€ são suficientes para pagar ao criador, para as despesas obrigatórias de gravação do CD e, ainda, para a subsistência da editora e dos revendedores, esses oh-oh-tão-santos-representantes-discográficos-oh-oh que não se atrevam a dizer que somos nós os assassinos!!! (e para o senhor oh-oh-tão-santo que deu entrevista para o Público, sim, os CD's das editoras alternativas também duram toda a vida. A única coisa que se desfaz instantaneamente são as mensagens da "Missão Impossível"!).

3
– Cabe na cabeça de alguém (com sanidade mental comprovada) que fique mais barato ir a sites como a Amazon comprar os álbuns (neste caso, internacionais), pagar despesas de portes e, mesmo assim, poupar dinheiro em relação ao mercado paralelo português??
Mesmo dentro da mais antiga fronteira da Europa (vulgo Portugal), eu próprio (e disponibilizo factura aos mais cépticos) comprei 6 CD’s de bandas de renome, por uns módicos 36€. Então, se pelo simples facto de os CD’s se encontrarem há 2 ou 3 anos no mercado, os preços conseguem baixar a este ponto e, mesmo assim, distribuir lucros pelos criadores, pelos oh-tão-santos-representantes-discográficos-oh-oh e pelos revendedores, que venha até à coluna de um qualquer jornal o senhor oh-oh-John Kennedy (o tão justo “Caça-Piratas”) explicar a que se devem os preços iniciais de um CD, com os quais os tais 36€ seriam apenas suficientes para comprar 2 CD’s.

4 – Que invadam a minha privacidade (também protegida por lei) para ver o que faço com um PC e, no mesmo tribunal onde serei acusado de pirata, pedirei uma indemnização de “2500 a três mil euros” para pagar a indemnização de “2500 a três mil euros” que me será exigida pelos (já cansativos) oh-tão-santos-representantes-discográficos-oh-oh.

5 – Quanto a outro não menos polémico tema, a cópia de CD’s, é sempre bom lembrar que por mais protecções que qualquer editora coloque num CD, haverá sempre como contornar a situação. Para já, assim que compro um CD, a própria lei me diz que, como dono de tal produto, sou livre para fazer quantas cópias de segurança eu bem entender, (e lembro a essas mesmas editoras que neste caso a gravação não pode ser interpretada como pirataria). No entanto, o que acontece cada vez mais, são situações em que não me é permitido sequer ouvir o MEU CD no PC. Com que direito é que alguém me limita as possibilidades que tenho de usufruir do, repito, MEU CD? Para exemplificar uso um caso, no mínimo cómico e curioso, que aconteceu comigo mesmo, há muito pouco tempo atrás. Chego eu todo contente a casa com o MEU novo CD, o love.noises,and.kisses, dos portugueses Atomic Bees, dirijo-me ao PC para não só ouvir como converter as músicas para mp3, de maneira a poder ouvir as MINHAS músicas no tb meu leitor de mp3. Acontece que, depois de várias tentativas, reparei que a drive de CD’s nem sequer detectava o MEU CD. Preocupado e considerando a possibilidade de defeito no CD, resolvi confirmar no leitor de DVD de sala onde, mais uma vez, não era detectado nenhum CD por parte do aparelho. Corri para o carro para experimentar no auto-rádio e o resultado foi o mesmo desesperante silêncio. Lembrei-me então do velho diskman, já com pó, mas lá resolvi fazer um último teste. Para meu espanto (e, confesso, alívio) lá ouvi as MINHAS músicas. Mas, afinal, de quem é o raio do CD? De quem o comprou (eu) ou de um qualquer anormal de uma editora que, maquiavélicamente, por não conseguir conquistar o mundo, resolveu tentar ser o único ouvinte do CD? (“Ah, ah, este é só meu! Só meu!”) – diria ele. Poupem-me!!! Com uns simples 5 minutos na net lá encontrei um software que me permitiu eliminar as monstruosas protecções. Ouvi e converti as MINHAS músicas no PC e, assim, já as posso ouvir nos tão proliferados leitores de mp3, gravar num outro CD para ouvir no carro, etc. (Sr. funcionário da editora, o seu plano falhou redondamente!)



Junto transcrevo as referidas palavras de David Fonseca, na altura ainda vocalista dos Silence 4, quando questionado sobre este mesmo tema.

“Ganhámos - doze por cento em cada disco a dividir pelos quatro. Deve dar a cada elemento da banda perto de trinta escudos por disco vendido. Não é lá muito! Eu achava muita piada quando alguém vinha ter comigo e dizia: «Comprei o teu CD, fui um dos que ajudaram a comprar o teu carro!». E eu dizia: «Se quiseres eu dou-te os trinta escudos e fico de consciência tranquila» (risos). As pessoas não têm a noção.” (in Jornal Expresso, suplemento "Vidas", entrevista de Ana Soromenho e Víctor Rainho).