Eu sempre de um lado para o outro. De um lado para o outro. De um lado para o outro. Talvez mais uma vez. Sim. De um lado para o outro. Deste lado sou eu. Neste outro também. Sempre eu. Sempre de um lado para o outro.
E agora tocam à porta. E eu visto-me. Não penso em vestir-me, ouço tocar à porta e visto-me sem pensar. E continuam a tocar, porque antes de abrir visto-me. E enquanto me visto eles tocam, sempre tocam. Mas não me tocam. Visto-me primeiro. Depois já estou vestido e quem agora estiver do outro lado da porta, ao ver-me, já deste lado da porta, assim vestido... Sim, porque eu visto-me primeiro.
E quem estiver do outro lado da porta ao ver-me deste lado pensará que me vê, mas eu estou no outro lado. No lado da porta fechada, antes do toque, antes das roupas. E eu não sou só eu, porque sou eu sempre de um lado para o outro, sem ser sempre o mesmo num lado e no outro.
Imagem de Colin Thompson. Um bem haja à Dina que vai entrar e ficar.
2 comentários:
Um bem haja à Dina da minha parte também.
E um xicoração para o Jeremias que parece tão revolto na incerteza da existência. Deve ser do calor tórrido deste Verão. Não te preocupes, já falta pouco.
Caro Robino, antes fosse do calor tórrido deste Verão.
Mas não é.
Mas não é.
O que realmente me preocupa é a proximidade do Outono, porque logo a seguir vem o Inverno.
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