sexta-feira, setembro 08, 2006


Desconfio sempre de alguém que escreveu bem mas muita coisa. Porque o mais provável é que tenha sido apenas alguém que sabia escrever bem e que resolveu, por isso, escrever muita coisa.

Uma pessoa só nunca deve ter muita coisa para dizer, pode até dizer a mesma coisa de muitas maneiras, mas nunca dizer muitas coisas de muitas maneiras. Afinal, quanta gente cabe só numa pessoa? Uma pessoa só não podem ser duas pessoas só, ou quatro pessoas só, porque duas- ou quatro- pessoas só são logo duas - ou quatro- pessoas, e ser duas- ou quatro- pessoas não é só.

À parte o acreditar que estas não podem sequer existir, acresce que confio sempre em alguém que tenha escrito bem, mas uma coisa só, mesmo que muitas vezes, de muitas maneiras (heterónimos incluídos). Porque o mais provável é que tenha sido apenas alguém que sabia escrever bem e que resolveu, sem ser por isso, escrever-se.

Logo, eu não desconfio de ninguém que escreva bem. Porque o mais provável é que mesmo que alguém que escreva bem tente e queira escrever muita coisa acabe sempre no ponto de partida: na coisa só.

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