"É então que surges: o teu corpo, que se confunde com o das palavras que te descrevem, hesita numa das entradas do verso. Puxo-te para o átrio da estrofe; digo o teu nome com a voz baixa do medo; e apenas ouço o vento que empurra portas e janelas, sílabas e frases, por entre as imagens inúteis que me separaram de ti."
sexta-feira, dezembro 16, 2005
"Não há almoços grátis"
Depois daquele grande almoço, perto de uma sede de candidatura qualquer, era encantar-me com aqueles sorrisos manchados. À boca das urnas nem me vou referir, tal era a evidência dos estragos, mas a boca do Metro dissimulava-se.
Retidos entre os seus dentes afiados, brancos, saudáveis- e sabemos bem o preço de uma boca saudável; ela nasce boa, mas a comida corrompe-a, e comer é preciso-, restos humanos, pastilhas mascadas, até restos de bilhetes com data expirada consegui ver, bem lá atrás, presos aos molares.
"Vem por aqui", diziam-me os almoçantes com "olhos doces".
"Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: [Não passa de um esquilo de dentes brilhantes!]
Eu olho-os com olhos lassos e [não] cruzo os braços, [dizendo: A cada risada mais aberta a mesma mixórdia!]".
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário