quarta-feira, janeiro 18, 2006

segunda-feira, janeiro 16, 2006

En attendant GoDi

Quando Godot chegou ao local marcado, e porque muito tempo havia já decorrido, Gogo e Didi já lá não estavam.

Deixaram, contudo, as botas de Gogo para que quando Godot chegasse não fosse invadido por aquele vazio, incertezas, interrogações, deambulações e outras confusões que a sua ausência lhes causou. Queriam fazê-lo crer que existiam. Eles sim existiam, mesmo não estando lá.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Saudades

"O [bocas] anda à roda, anda à roda,

E o mistério do mundo é do tamanho disto"

Eu tenho saudades do Bocas.

O poder da atracção



"Dave Eggers has a theory that we play songs over and over, those of us who do, because we have to 'solve' them, and it's true that in our early relationship with, and courtship of, a new song, there is a stage which is akin to a sort of emotional puzzlement."

Tenho tentado resolver, por estes dias, uma pequena música da Laura Veirs.
Saberei tê-la resolvido quando me sentir fisicamente enjoada logo aos primeiros acordes da dita, a saber:

Magnetized.

Vénia ao Carlos.

O texto é de Nick Hornby.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Arrumado

Estava ele a rumar,
a rumar,
a rumar,
quando encontrou aquelas velhas peúgas que a avó lhe havia oferecido num dia remoto em que, pela primeira vez, e a pinceladas grossas, escreveu na parede do seu quarto. Podia ler-se:

Mais um par e desapareço.

Nunca ninguém associou o que, a partir desse dia, lhe pareceu indissociável: mais um par, de meias, portanto, e desaparecimento.

A rumar,
a rumar,
viu-se feito madalena perdida ou, até mesmo, qual cena de cinema, feito wanderer by Friedrich. Quanto a nós, vemo-lo de costas, de pernas um pouco abertas, exigências do equilíbrio, umas meias novinhas em punho, punho direito, a olhar-se na parede que estava feita coisa à sua frente. Percebeu de imediato que a rumar "virgemmente parado" acabaria sempre no ponto onde estava. Aqui ou ali. Pelo que calçou as meias e, findo um par de décadas, saiu pela porta da frente. Nunca mais ninguém o viu.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Pois, pois, caramba, conta-me histórias


O esquizofrénico Lewis Carroll, ou seja, Charles Lutwidge Dodgson, acumulava o discreto posto de professor de matemática com o inquestionável génio literário, mas acrescia-lhe a vontade de ver o mundo por uma lente, não fosse aquele maravilhoso país conquistado por selvagens vontades que o levassem para lá da visão.

Sim, ele era fotógrafo. Sim, de meninas, entre as quais Alice e as suas irmãs, com quem dava grandes passeios de barco, onde se entregava ao prazer de contar histórias. E contava-as bem.

Menores? As meninas? Caramba, onde querem chegar?

Sim, menores e nuas, mas aquelas fotos são obras de arte e, caramba, ele até contribuiu para o léxico inglês com várias palavras.

Não me venham com histórias, dois mais dois são quatro e, ao fim e ao cabo, que importa quem come quem no final da história?

Carroll diz que é Alice quem xaqueia a rainha e, caramba, foi ele quem escreveu a história.

Rima emparelhada


"Noli mi tangere, for Caesar's I am,
And wild for to hold, though I seem tame."



Sir Thomas Wyatt the elder

segunda-feira, janeiro 09, 2006

És de plástico

- Quando chegares à escola, finge! Finge muito. Finge por tudo e por nada!
- Mas, pai.. isso não é uma coisa feia?
- É a fingir que um homem cresce. Ninguém quer saber quem tu és. Todos verão aquilo que tu fingires ser! Vai, vai e finge bem!

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Estados de espírito

De clique em clique, descobri que há centenas de pessoas a acordar com estados de espírito. Não sei, confesso, se isso será coisa boa. A julgar pelas imagens a que fazem corresponder tais estados de espírito, diria que é capaz de ser esteticamente saudável. Ainda assim, reservo-me o direito de acordar sozinha.

E hoje, tal como todos os dias, acordei assim.

Despenteada.

Antítese


Fumar é feio, sejas dextro ou canhoto, olhes para a esquerda ou para a direita, sejas loiro ou moreno. Fumar é feio.

terça-feira, janeiro 03, 2006

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Thomas Edison's Last Breath



Tese
Henry Ford believed that the human soul exited the body with its last breath. So it was with mixed feelings that we discovered this oddball artifact in Henry Ford's Museum & Greenfield Village.


Antítese
Pois, eu cá "sou como as velas do altar que dão luz e vão morrendo".


Síntese
21 gr

domingo, janeiro 01, 2006

Desembuçar



"Ah! Ah! Ah! Dizem que não sabiam quem era."

Hum! Hum! Hum! A mim ninguém me desembuça.


Qualquer ligação entre a palavra desembuçar e a imagem da representante da elite agrária é pura falha de entendimento.

Assalta-me esta frase batida

"Hoje é o primeiro [2006] do resto da tua vida"

Brindemos, então, com o vinho da casa, que enquanto houver amigos, vinho e cerveja, em princípio, é simples.