"É então que surges: o teu corpo, que se confunde com o das palavras que te descrevem, hesita numa das entradas do verso. Puxo-te para o átrio da estrofe; digo o teu nome com a voz baixa do medo; e apenas ouço o vento que empurra portas e janelas, sílabas e frases, por entre as imagens inúteis que me separaram de ti."
quinta-feira, agosto 31, 2006
Anything new?
Eu sempre de um lado para o outro. De um lado para o outro. De um lado para o outro. Talvez mais uma vez. Sim. De um lado para o outro. Deste lado sou eu. Neste outro também. Sempre eu. Sempre de um lado para o outro.
E agora tocam à porta. E eu visto-me. Não penso em vestir-me, ouço tocar à porta e visto-me sem pensar. E continuam a tocar, porque antes de abrir visto-me. E enquanto me visto eles tocam, sempre tocam. Mas não me tocam. Visto-me primeiro. Depois já estou vestido e quem agora estiver do outro lado da porta, ao ver-me, já deste lado da porta, assim vestido... Sim, porque eu visto-me primeiro.
E quem estiver do outro lado da porta ao ver-me deste lado pensará que me vê, mas eu estou no outro lado. No lado da porta fechada, antes do toque, antes das roupas. E eu não sou só eu, porque sou eu sempre de um lado para o outro, sem ser sempre o mesmo num lado e no outro.
Imagem de Colin Thompson. Um bem haja à Dina que vai entrar e ficar.
terça-feira, agosto 29, 2006
Smile like you mean it
Este é o décimo sétimo ano em que morres.
E a tua morte é sempre nova em mim.
Não amadurece. Não tem fim.
Se ergo os olhos de um livro, de repente
tu morreste.
Acordo, e tu morreste.
[...]
Viverei até à hora derradeira a tua morte.
Aos goles, lentos goles.
[...]
O único presente verdadeiro é teres partido.
Itálico de Adolfo C. Monteiro
Subscrever:
Mensagens (Atom)