quarta-feira, junho 30, 2010

Carlos Moreira



O Carlos sempre gostou de fotografar, se calhar mais do que das próprias fotografias. Ou então, é ao contrário, não sei, ele há-de saber, ou não.

Bom, o que realmente interessa é que para nós (e para o Tejo também, mas isso são outras "Periferias") és o fotógrafo revelação de todos os meses do ano!

Parabéns e a boa da sorte!

Foto: Eu junto a uma foto de outro participante na exposição "Periferias". Campo Grande nº 185, até 4 de Julho.

segunda-feira, junho 28, 2010

Tenho em mim todas as galáxias do mundo

Ao pé de uma fonte a relva é sempre a mais verde


Passaram-se meses de areia fina a raspar-me na cara, nas pernas nuas, no peito seco; meses de areia não tão fina a riscar-me as meninas dos olhos, a meter-se ouvidos adentro, a acumular-se sobre as feridas.

Passaram-se meses de sol abrasador a queimar-me a pele tenra, os cabelos desidratados, as unhas quebradas.

Passaram-se muitos meses sob o sol, sobre e sob a areia, caminhando a arrastar, cuspindo as últimas gotas de água do meu corpo.

Passou-se tudo isso e muito mais de alguma coisa. E passados tão estranhos meses deparo-me com uma fonte cheia, que derrama, que chama, que anima.

Vou parar, deixar que a fonte me anime e brincar um pouco.

Não tardará que a fonte se transforme em poço. E, então,tudo será como deve ser.

domingo, junho 27, 2010

Um pai

Imagino um pai, como sempre imaginei, continuadamente, sem desvios, ou gradações de intensidade.
Imagino um pai que me mostra as ruas, as histórias por detrás das ruas, que me presenteia com auxiliares de ensino para praticar nas férias. Um pai que me quer pôr a ler, e que comigo se quer pôr a ler. Um pai alto, de mãos fortes, de sorriso aberto, que tem mais amigos do que eu algum dia serei capaz de alimentar. Um pai que me inscreve na natação, nos ateliers de pintura, no piano e no que mais houver.

Um pai que põe à prova todos os meus limites e capacidades e que sobretudo os estimula, convencendo-me de que serei capaz de uma data de coisas, sobretudo por o ter ao meu lado.

Um pai como nunca tive.

terça-feira, junho 22, 2010

Miradouros




A subida é árdua, dá-nos cabo dos joelhos e põe-nos suor no rosto, mas vale cada gesto empenhado.

Admirar Lisboa.

Porque há sempre tanto nela por descobrir. E quando já não houver restará ela e tudo o que até hoje nunca deixei de sentir por ela, com ela, nela.

quarta-feira, junho 02, 2010

Da inquietação

Talvez porque a maioria das vidas é demasiado extensa, há que dividi-la em fases. E é assim que vivemos, por fases.

E eu estou à pontinha de uma fase prestes a começar uma outra. Não foi uma ideia que se colou a mim de repente, pelo contrário. É um sentimento que se tem deitado comigo e acordado comigo de há tempos para cá.

O mesmo sentimento que me tem assaltado os pensamentos em horas de meditação, que tem mergulhado comigo, comido comigo, tomado banho comigo, sempre comigo.

O mesmo sentimento que me procura, me atazana, me domina, me traz vontade, energia e horizontes.

Instalou-se. O sentimento.

Vamos lá, então.

terça-feira, junho 01, 2010

Da náusea

Já dizia o outro que a existência precede a essência. Queria concordar com a ideia, até porque me dava jeito. Poder mudar tudo o que faz de mim o que sou para uma coisa melhor.

Mas mantenho reservas, e muitas. Estou mais inclinada para o bom do determinismo, aquele que nos põe a alma nuns carris e nos diz que até podemos escolher virar à esquerda ou à direita, que até podemos optar andar para a frente ou para trás, mas nunca, nunca descarrilar.

Nunca, mas nunca sair do traçado dos carris, porque não fomos talhados para nenhum outro tipo de caminho.

Não posso provar que a essência nos traça a existência (ainda bem), e quero acreditar que as circunstâncias, o número de saídas, o número de estações, o estado da via-férrea e etc, ajuda, ou não, a chegar ao que sou hoje.

Como criança

Acordei, hoje, embrulhada em soluços e lágrimas. Por casa não estava nenhum colo que me acalmasse e fortalecesse. É dia de semana, e de folga só eu.

Levantei-me rapidamente ao mesmo tempo que sacudi os sonhos para longe. Fiz o que tinha de ser feito.

É que "o Presente é tão grande. Não nos afastemos. Não nos afastemos muito. Vamos de mãos dadas."